22/05/2022 O médico infectologista Evaldo Stanislau, do Hospital das Clínicas da USP, disse neste domingo que é uma “questão de tempo” até que o Brasil identifique casos da chamada varíola dos macacos, que começou a se espalhar pela Europa. Ele afirmou que “um dos aspectos peculiares dessa crise atual é a maneira com que vem se espalhando”. “Os primeiros casos são relatados no Reino Unido, muito rapidamente para Portugal e Espanha, depois outros países na Europa, e já chegou na Austrália e na América do Norte. Em um mundo globalizado em que você pega um avião e 12 horas depois já está em outro continente, é muito provável, questão de tempo, que façamos um ou mais diagnósticos aqui no Brasil”, avalia. Segundo o médico, a varíola humana está erradicada desde 1.980 graças à vacinação, mas o vírus que causa a varíola humana e o que leva à varíola dos macacos, que também circula em outros animais e esporadicamente em humanos, são muito parecidos. “As doenças guardam semelhanças clinicas e do ponto de vista imunológico, terapêutico, e isso é bom porque abre o caminho para ter uma resposta rápida contra isso”, afirma. Nesse sentido, a recomendação de Stanislau é manter a calma caso surjam lesões na pele, associadas à doença. “Existe uma série de outras doenças que dão lesões na pele e que temos que pensar antes de pensar na varíola de macaco”. Stanislau aconselha que, “se viajou e teve contato com alguém que veio do exterior e apresenta um quadro de febre, mal-estar, gânglio e lesões vermelhas ou pequenas bolinhas na pele, procure orientação médica”. A transmissão da doença envolve contato íntimo, no momento em que as lesões estão aparentes, ou então com objetivos usados pela pessoa, como roupa de cama. Há a opção, ainda, da transmissão por secreção respiratória, mas o uso de máscaras, comum durante a pandemia de Covid-19, reduz esse risco. O infectologista ressalta que já existe uma vacina contra esse tipo de varíola e um antiviral para combater sintomas. Em geral, porém, eles não tem um acesso disseminado, e só são disponibilizados para combater surtos pontuais. Ele também avalia que a varíola dos macacos sempre foi uma doença “negligenciada, subestimada” por se concentrar na África, em países que muitas vezes não têm acesso à vacina e antiviral para combater surtos. Redação com CNN-Brasil / Imagem: Reprodução TV |