19/03/2023 Os controladores da holding J&F não poupam esforços para se aproximar de quem está no poder: após desfrutar do governo de Jair Bolsonaro (PL), eles agora tentam se aproximar do atual presidente Lula (PT), delatado na Lava Jato por Joesley Batista, que inclusive garantiu seu lugar na comitiva do chefe de governo brasileiro à China. A reaproximação surpreende porque os irmãos Batista representam tudo aquilo que a atual gestão de Lula recrimina. O PT voltou ao poder com uma forte pauta sócio-ambiental, que inclui especialmente iniciativas de maior proteção da Amazônia e valorização dos direitos do trabalhador. São dois temas que Joesley e Wesley parecem desprezar. Dias atrás, a empresa de carnes dos irmãos Batista, a JBS, foi envolvida numa investigação de trabalho infantil. O Departamento do Trabalho dos Estados Unidos revelou pelo menos 31 crianças trabalhando em fábricas da JBS em Nebraska e Minnesota. Segundos os investigadores, elas trabalhavam à noite e apresentavam queimaduras nas mãos. Na época mais crítica da pandemia do Covid, a JBS também foi acusada de uma série de violações trabalhistas, dentre as quais a disseminação do vírus entre trabalhadores de suas fábricas, por negligenciar os protocolos de segurança de seus empregados. Desmatamento na Amazônia Com relação à preservação da Amazônia, a empresa também está longe de ter uma boa reputação. Uma investigação do Repórter Brasil e Greenpeace revelou que a JBS comprou, entre 2018 e 2022, aproximadamente 9 mil cabeças de gado de fazendas que desmataram a Amazônia e que pertencem a Chaules Volban Pozzebon, preso por extração ilegal de madeira e considerado o maior desmatador do país, além de ter sido condenado por trabalho escravo. As más condutas de gestão não chegaram a ser um problema nas tentativas dos irmãos Batista para se entranhar no governo Bolsonaro. Para tentar se aproximar do ex-presidente, os Batista apostaram em várias alternativas. A principal delas foi o estreitamento da relação com o advogado de confiança do clã Bolsonaro, Frederick Wassef, a quem pagaram R$9 milhões nos últimos anos, segundo informações do Coaf. Wassef se aventurou a intervir a favor dos Batista junto ao procurador geral da República Augusto Aras para discutir a anulação do acordo de delação premiada de executivos da JBS. Mas não foi recebido pelo Procurador Geral e não conseguiu avançar nas negociações. Redação com DP / Imagem: Reprodução Ag. Brasil |