23/03/2023 O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu por manter a taxa básica de juros – a Selic – em 13,75% ao ano. Foi a quinta decisão seguida pela manutenção da taxa. Assim, o patamar de juros continua no maior nível desde dezembro de 2.016. A decisão foi unânime. Esta foi a segunda reunião do Comitê do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O comunicado que acompanha a decisão era o mais esperado pelo mercado, já que nele o Comitê expõe sua visão do cenário econômico em que foi baseada a decisão e também pode indicar como será a próxima. O Copom cita a crise dos bancos no exterior, a piora do cenário externo e interno e a pressão inflacionária persistente. Segundo o Copom, desde sua última reunião, “o ambiente externo se deteriorou”. “Os episódios envolvendo bancos nos EUA e na Europa elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados e requerem monitoramento. Em paralelo, dados recentes de atividade e inflação globais se mantêm resilientes e a política monetária nas economias centrais segue avançando em trajetória contracionista”, diz. Sobre o cenário interno, o grupo segue citando os últimos índices econômicos como balizadores para a decisão. “o conjunto dos indicadores mais recentes de atividade econômica segue corroborando o cenário de desaceleração esperado pelo Copom. A inflação ao consumidor, assim como suas diversas medidas de inflação subjacente, segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação. (…) O Comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual.” O comunicado diz ainda que o Comitê seguirá acompanhando o cenário inflacionário global e que “não hesitará” em retomar o ciclo de alta caso a manutenção da taxa não consiga controlar a escalada de preços. “Considerando a incerteza ao redor de seus cenários, o Comitê segue vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação. O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas, que mostrou deterioração adicional, especialmente em prazos mais longos. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.” Sem surpresas A decisão era esperada pelo mercado, mas, desta vez, o Copom chegou à sua segunda reunião do ano com apostas tanto de que ele tinha razões para adiantar os cortes de juros neste ano, quanto para postergá-los ainda mais. A inflação de fevereiro foi mais forte do que o esperado, ainda segue longe da meta e, para o fim do ano, os economistas seguem elevando as projeções de que ela pode subir ainda mais. O IPCA em 12 meses até aqui está em 5,6%, para uma meta que, em 2.023, tem o centro em 3,25% e o teto em 4,75%. As metas para a inflação perseguidas pelo BC são de 3,25% em 2.023 e de 3,00% em 2.024 e 2.025, com margem de tolerância de 1 ponto percentual. A meta de 2.026 deve se fixada neste ano pelo governo. A última vez que o Banco Central mexeu na taxa de juros Selic foi na reunião de 3 de agosto, quando aumentou de 13,25% para os atuais 13,75%. Na primeira decisão de manutenção da taxa, em 21 de setembro, o comunicado do Copom apontava que, apesar da manutenção, não estava descartada nova alta caso “o processo de desinflação não transcorra como esperado.” Redação com CNN-Brasil / Imagem: reprodução |