27/03/2023 O senador Renan Calheiros (MDB-AL) voltou a provocar o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), diante do impasse no Congresso sobre como deve ser a tramitação de medidas provisórias. Na sexta-feira (24), ele comparou Lira, sem citar o seu nome, ao personagem de uma obra de Machado de Assis que comanda um manicômio e se perde na própria loucura. "Fui a Itaguaí com Lula, terra do manicômio Casa Verde, de O Alienista, de Machado de Assis. João Bacamarte, psiquiatra, dava diagnósticos nos quais todos eram loucos. No final, o desequilibrado era ele, que se interna e morre só no sanatório", escreveu Calheiros em uma rede social, sem citar o nome de Lira. Mais tarde, o senador confirmou em entrevista que a referência era ao presidente da Câmara, seu desafeto e adversário em Alagoas. Nos últimos dias, Lira e ele têm trocado farpas por causa do modelo de tramitação das medidas provisórias. Calheiros chegou a chamar o presidente da Câmara de "tiranete" e disse que ele desrespeita a Constituição ao tentar diminuir a participação do Senado na análise das MPs. Lira rebateu e chamou o senador de "bobo", dizendo que Calheiros se comporta de maneira ridícula. "Há 55 anos Artur Costa e Silva editou o AI5. Outro tiranete, Arthur também, quer rasgar a Constituição e baixar o LIRA AI 2,5 para fechar o Senado e usurpar nossas funções. As MPs são provisórias. A democracia, a separação dos poderes e o bicameralismo são para sempre", disse o senador. "O bom da liberdade de expressão é que permite até os bobos se manifestarem, embora no geral se comportem de maneira ridícula, panfletária e incendiária. Para gente desse naipe, o melhor seria a cadeira do psicanalista, não a do parlamento, pois em nada contribui com a democracia", respondeu Lira. Entenda o impasse sobre as medidas provisórias Desde 2.002, as MPs eram analisadas primeiro por uma comissão mista — composta de 12 deputados e 12 senadores, que discutiam e aprovavam os projetos — e só depois eram enviadas ao plenário do Congresso. Esse rito foi interrompido durante a pandemia de Covid-19, como uma medida excepcional, quando as MPs passaram a ir direto ao plenário. Dessa forma, é o presidente da Câmara que dita as prioridades e o ritmo das análises. O Senado, nesse modelo, perdeu parte do protagonismo. Em 7 de fevereiro, o Senado decidiu pela volta imediata das comissões mistas. No entanto, nos bastidores, Lira tem feito uma queda de braço para manter as apreciações no plenário. Em meio à disputa, a votação de propostas no Congresso fica comprometida. São 25 medidas provisórias que precisam ser analisadas em 120 dias para que não percam a validade. Entre elas, a que alterou a organização ministerial, a que transferiu a estrutura do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Banco Central para o Ministério da Fazenda e a que alterou a regra de desempate de decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf). Redação com R-7 / Imagem: Reprodução Agência Senado |