15/06/2023

NA JAULA - Dono da Fiji Tech é preso no Rio de Janeiro NA JAULA - Dono da Fiji Tech é preso no Rio de Janeiro




A Polícia Civil fluminense, a pedido da Polícia paraibana, prendeu nesta quarta-feira, no Rio, o empresário Bueno Aires José. Ele é suspeito de envolvimento com pedofilia, razão pela qual teve uma conta bloqueada pela Google. Dono da Fiji Tech, sediada em Campina Grande, cidade paraibana, Bueno Aires também responde a outro inquérito após ter dado um calote de quase 400 milhões de reais nos clientes, ao montar uma pirâmide financeira disfarçada de investimentos em bitcoins.

Um crime está relacionado ao outro. Quando começou a parar de pagar os juros fixos prometidos aos investidores, em fevereiro, o empresário alegou que uma das corretoras internacionais com as quais operava, a Kucoin, havia bloqueado o seu acesso à exchange e, com isso, inviabilizou os saques e transferência de recursos. Contudo, a BlockSeer, empresa que investiga crimes cibernéticos, descobriu em março que o acesso estava bloqueado porque o email usado por Bueno Aires fora banido pela Google.

No aviso de bloqueio do email, levantado pela BlockSeer, a Google cita o suposto envolvimento do empresário com pedofilia: “Parece que esta conta tem conteúdo que envolve uma criança sendo abusada ou explorada sexualmente. Essa é uma violação grave das políticas do Google e pode ser ilegal”. A esta altura, Bueno Aires já estava nos radares da Delegacia de Crimes Cibernéticos (DECC) da Paraíba, que acionou a Polícia do Rio após obter autorização judicial para efetuar a prisão temporária do empresário.

O golpe de bitcoins de Bueno Aires, apurou inquérito aberto pelo Ministério Público da Paraíba (MP-PB), funcionava da seguinte forma: os clientes eram obrigados a adquirir criptomoedas em corretoras internacionais e as entregavam a Fiji, que as gerenciava por intermédio de contrato de cessão temporária dos ativos. Bueno Aires e seus sócios, Breno de Vasconcelos Azevedo e Emilene Maria Lima do Nascimento, se comprometiam a remunerar os investidores a cada 30 dias, a taxas de juros acima de 5%.

O esquema da Fiji, diz o MP, foi montado para escapar do controle e da fiscalização do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), sem nunca passar por nenhum tipo de auditoria. Natural de Gurjão, cidade de 3 mil habitantes perto de Campina Grande, Bueno Aires desenvolveu uma plataforma própria para movimentar os recursos dos clientes. Seu negócio atraiu empresários e autoridades locais. De acordo com o MP-PB, a Fiji usava até contas pessoais dos sócios para movimentar os valores dos clientes.

A prisão de Bueno Aires no Rio, onde ele estava desde que o escândalo eclodiu, teve a participação do Grupo de Atuação de Combate ao Crime Organizado (GAECO) e o apoio da Polícia Rodoviária Federal, Após passar por audiência de custódia, ele deverá ser encaminhado a um presídio da Paraíba. Procurada, a defesa de Bueno Aires ainda não se manifestou sobre o caso.

Na fotomontagem que ilustra a matéria, Bueno Aires aparece calvo, como era antes de "enricar", e já usando peruca depois que ficou "rico".

Redação com jornal O Globo / Fotomontagem: Reprodução redes sociais