06/08/2023 O consórcio de governadores da região Nordeste rebateu neste domingo as falas do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que defendeu maior protagonismo econômico e político dos estados do Sul e Sudeste. Zema, em entrevista ao jornal "Estado de S. Paulo", disse que o bloco Cossud (Consórcio Sul-Sudeste) vai buscar esse protagonismo, e comparou a região Nordeste com “vaquinhas que produzem pouco". O grupo presidido pelo Governador do Estado da Paraíba, João Azevêdo (PSB), avaliou neste domingo que a fala de Zema representa “um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste” e lembrou que esses estados da Federação vêm sendo “penalizadas ao longo das últimas décadas” nos projetos nacionais de desenvolvimento. “Negando qualquer tipo de lampejo separatista, o Consórcio Nordeste imediatamente anuncia em seu slogan que é uma expressão de ‘O Brasil que cresce unido’. Enquanto Norte e Nordeste apostam no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução”, disse em nota o Consórcio. O grupo também declara que as falas do governo de Minas Gerais indicam “uma guerra entre regiões”. “É importante reafirmar que a união regional dos estados Nordeste e, também, os do Norte, não representa uma guerra contra os demais estados da federação, mas uma maneira de compensar, pela organização regional, as desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento”, citam. Além do consórcio, governadores e parlamentares da região repudiaram as falas de Zema, principalmente por pregar a cisão entre as regiões. Governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB) afirma que a desigualdade extrema é uma "mancha" na história social brasileira, e que é papel das lideranças discutir soluções para elevar o desenvolvimento. — Qualquer manifestação que chame à divisão só acirra o enfrentamento em um momento que o país precisa de união. Nordeste é parte da solução do país e deve receber atenção nas discussões federativas por tanto tempo de descaso e indiferença. Os nossos pleitos não vão além do que é justo diante de uma construção histórica tão conhecida — declara Raquel Lyra. Governador do Piauí, Rafael Fonteles (PT) aponta que Zema "revela-se o maior inimigo da federação brasileira". O pessebista Carlos Brandão, do Maranhão, publicou no Twitter que "ódio e divisão não tornarão o país melhor". Os senadores nordestinos Humberto Costa (PT-PE), Rogério Carvalho (PT-SE) e Otto Alencar (PSD-BA) também criticaram a postura do mineiro. Costa classificou a declaração como retrato da ignorância e preconceito do governador, enquanto Carvalho a vê como "preocupante e abominável". Já o líder do PSD no senado lembrou que o estado de MG tem "249 municípios incluídos como região nordeste", e por isso, "tem os benefícios da Sudene e do Banco Nordeste". A repercussão ultrapassou os políticos do Nordeste e reverberou entre governistas, líderes de esquerda e nas redes sociais. O nome de Romeu Zema chegou a figurar entre os mais comentados em política no Twitter. A presidente do PT e deputada Gleisi Hoffmann (PR) chama a percepção de Zema de preconceituosa e atrasada. "Eu sou do Sul e essa fala é inadmissível, temos orgulho no nordeste, do povo nordestino. Queremos a união do povo brasileiro por um país justo, solidário, livre de discriminação", publicou a deputada. Redação com jornal O Globo / Imagem: Reprodução SECOM-PB |