24/08/2023 Vestido com um short verde-oliva, usando tênis esportivo e sem camisa, o tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid deixou às 10h20m de ontem a sala onde está preso há 110 dias no Batalhão de Polícia do Exército de Brasília para tomar o banho de sol. Escoltado por um colega militar armado, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro se dirigiu a uma pista de corrida. Cabisbaixo, seguiu à risca a rotina de cerca de uma hora de exercícios, correndo em volta de um campo de futebol. Pouco tempo depois, Cid retornou para a sala de cerca de 20 metros quadrados onde está preso desde 3 de maio, quando a Polícia Federal descobriu que o militar havia fraudado o Sistema Único de Saúde (SUS) para emitir certificados de vacinação contra a Covid-19. O local é equipado com cama, armário, mesa de apoio, frigobar, além de um aparelho de TV, no qual costuma acompanhar o noticiário — boa parte dele tomado nos últimos dias pelas suspeitas envolvendo o nome do tenente-coronel, que tentou vender um Rolex recebido por Bolsonaro em uma viagem oficial. É no espaço onde está preso que Cid recebe quatro refeições diárias, as mesmas servidas no quartel: café da manhã, almoço, lanche e jantar. De vez em quando, pode comer pratos feitos por familiares, os únicos visitantes autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), desde junho. Antes dessa restrição, o militar recebeu 73 pessoas em sua cela, sendo 41 delas militares, como o ex-ministro da Saúde e deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ) e o coronel da ativa Jean Lawand Júnior, investigado junto com Cid num inquérito que apura uma trama golpista. — Preso ninguém fica bem. Mas, até aquele momento que eu o visitei, embora com todas as limitações de uma pessoa presa preventivamente, ele ainda estava de moral alta, tranquilo, preparando as questões da defesa — conta o general da reserva e senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS). Leitura de processos Após realizar exercícios diários, o tenente-coronel se dedica a longos períodos de leitura, desde livros até calhamaço de documentos de seus processos. Esquadrinha linha por linha e faz anotações para auxiliar a sua defesa nos seis inquéritos em que está na mira da Polícia Federal. — Mauro Cid é um militar forte, preparado, treinado para transpor situações difíceis. Ele terá uma postura colaborativa e segue confiante na sua defesa, mas só irá falar no momento certo — afirma o advogado de defesa de Cid, Cézar Roberto Bitencourt, que procurou o gabinete do ministro Alexandre de Moraes para colocar o militar à disposição para esclarecer todos os fatos. Os dois devem se reunir na tarde de hoje. Mauro Cid tem depoimento previsto também para hoje na CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Redação com jornal O Globo / Imagem: Reprodução |