15/04/2024 A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, disse que seu papel no governo federal é de “articuladora” e que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lhe dá “total autonomia” para exercer sua função. Ela concedeu uma entrevista à Rede BBC. “Desde a campanha, disse que queria remodelar este papel de primeira-dama – a esposa que organiza chás de caridade e visita instituições filantrópicas, esse não é o meu perfil”, disse ela. “O meu é o papel de articulador, de quem fala sobre políticas públicas. Podemos estar em espaços diferentes e conversar com públicos diferentes quando necessário”, declarou. Segundo ela, trata-se de sair da caixa que as primeiras-damas sempre são encaixadas. Janja marca presença nas atividades de Lula desde a época da pré-campanha em 2.021. Depois que o petista foi eleito, ela passou a acompanhá-lo nas viagens e a substituí-lo em situações pontuais. Em setembro de 2.023, por exemplo, quando o presidente se recuperava de uma cirurgia de prótese no quadril, Janja visitou o Rio Grande do Sul para acompanhar a situação da população afetada pelas chuvas. "[Lula] me dá total autonomia para que eu possa fazer o que faço. Essa linha de hierarquia não existe entre mim e meu marido”, disse. A reportagem da BBC, divulgada neste domingo (14), tratou sobre a mudança do papel das primeiras-damas na política na América Latina. O artigo lembra, por exemplo, que Eva Perón (Evita), mulher do ex-presidente da Argentina Juan Domingo Perón, foi uma das vozes políticas mais influentes daquele país. No Brasil, a atuação da primeira-dama Janja da Silva chamou a atenção não só da oposição ao governo do presidente, de quem se tornou alvo, como também dentro do próprio Palácio do Planalto. Sua participação em reuniões estratégicas do primeiro escalão e o seu papel na comunicação governamental representaram uma ruptura em relação ao perfil historicamente reservado associado a essa posição. Janja, além de se posicionar em questões de gênero e opinar nas decisões de Lula, como ele próprio admitiu, focou em conectar-se com as chamadas pautas progressistas, com influenciadores digitais e também figuras culturais. Embora tal estratégia tenha provocado reações adversas, é bem verdade que também ajudou a torná-la protagonista. Enfrentando críticas e hostilidades, suas posturas políticas foram intensamente questionadas. E, apesar dos esforços de se sedimentar como uma liderança feminina na política e uma primeira-dama ousada e do palanque, Janja frequentemente se vê alvo de comparações com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Em uma conferência eleitoral do PT, Janja respondeu às críticas: "Eu estava em uma reunião no G20 e todos ficam perguntando: 'O que ela está fazendo lá com o presidente? Ela não foi eleita'. Dane-se, estarei sempre presente. Ninguém me concedeu aquele lugar. Eu o conquistei". Redação com CNN-Brasil e o tempo / Imagens: Redes sociais e Ag. Brasil |