21/09/2024 Um tabelião de 51 anos de idade foi preso preventivamente em Nova Parnamirim, na Grande Natal(RN) , suspeito de ser chefe de um grupo criminoso investigado por falsificar documentos para conseguir sacar dinheiro de contas bancárias de pessoas falecidas no Rio Grande do Norte. A operação teve início no dia 12 de Agosto, com o cumprimento de sete mandados de busca e apreensão em cinco cidades do estado, sequestro de veículos e bloqueio de contas bancárias. Além de tabeliães, advogados são investigados suspeitos de integrar o grupo criminoso. Segundo a Polícia Civil, o tabelião preso trabalhava em dois cartórios no interior do estado. Nesses lugares, ele fazia escrituras e inventários falsos, em nomes de pessoas falecidas que tinham dinheiro no banco. Com o tabelião, a Polícia apreendeu uma caminhonete e uma motocicleta. Um outro veículo – de outra pessoa investigada – também foi apreendido nessa nova fase da operação. De acordo com delegado Brunno Arruda, o homem detido na quarta-feira(17), tentou atrapalhar as investigações da polícia sobre o caso. O fato foi descoberto durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão na casa do tabelião. “Após as buscas que efetuamos na residência dele, a gente se deparou com determinados documentos que evidenciavam que ele estaria utilizando seus contatos e suas influências – o tabelião é uma pessoa influente – nos demais órgãos para obstruir a investigação”, explicou. Os suspeitos são investigados pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e falsificação de documentos públicos. Como funcionava o esquema? Segundo a Polícia Civil, o esquema funcionava da seguinte forma: Advogados e tabeliães obtinham informações sobre contas bancárias sem movimentação recente que pertenciam a pessoas falecidas; os profissionais, então, forjavam escrituras de inventário e procurações públicas; nessas falsificações, eles colocavam “laranjas” como herdeiros únicos, permitindo que os criminosos sacassem os valores das contas; o saque, então, era realizado pelos advogados em agências bancárias; em seguida, o dinheiro era distribuído em diversas contas de passagem, antes de ser dividido entre os membros do grupo criminoso. O delegado Brunno Arruda explicou que os tabeliães usavam de informações privilegiadas sobre a existência dessas contas e lavraram escrituras públicas e inventários nos cartórios, “fazendo constar como único herdeiro desse falecido uma pessoas que não era [herdeira]: um laranja”. “Pegavam os dados o laranja e, com esses dados concomitantemente com a escritura falsa, eles lavraram procurações para advogados poderem comparecer aos bancos e tirar esses valores que estavam depositados nas contas dos falecidos”, explicou. Primeira fase da operação A Polícia Civil deflagrou no dia 12 de setembro no Rio Grande do Norte a primeira fase da operação Falsus Heres – em alusão a “falso herdeiro”. Sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços vinculados a uma organização criminosa do estado. As ações aconteceram em cinco cidades: Natal, Parnamirim, Ielmo Marinho, Lagoa de Velhos e Japi. De acordo com a Polícia Civil, a estimativa é de que os golpes tenham causado prejuízos superiores a 4 milhões de reais às famílias das vítimas. Por conta da investigação, a Justiça bloqueou R$ 4 milhões em bens e nas contas dos investigados, além de expedir oito mandados de monitoração eletrônica contra eles. A Ordem dos Advogados do Brasil(RN) informou que não foi notificada sobre a operação da última quinta-feira, como geralmente ocorre nos cumprimentos de mandados contra advogados, como determina o Estatuto da Advocacia. A Polícia Civil não informou se os mandados foram cumpridos em escritórios ou casas dos advogados. O nome do tabelião não foi divulgado. Redação com g-1/RN / Imagem: Reprodução PC-RN |