01/03/2018

Ministro defende monitorar conversa entre advogados e presos em presídios Ministro defende monitorar conversa entre advogados e presos em presídios




O ministro extraordinário da segurança Pública, Raul Jungmann, voltou a defender a necessidade de todos os presídios do País, sejam eles federais ou não, terem as conversas entre detentos e seus advogados monitoradas. Jungmann, que reconhece que há resistência da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para a adoção dessa medida, disse que já conversou com o presidente da entidade, Claudio Lamachia, mas não descartou a possibilidade de acionar o Judiciário para garantir que os presídios deixem de ser o que chamou de "escritórios do crime organizado". "Não é aceitável que as penitenciárias se tornem home office do crime organizado", afirmou.

Todas as penitenciárias federais já têm parlatório. A expectativa é de que possamos estender isso para todas as unidades", declarou o ministro, na primeira entrevista coletiva depois de assumir o cargo. Jungmann lembrou que há presos ligados ao crime organizado que tem 37 advogados.

"Isso é razoável?", questionou ele, justificando que "nem de longe, isso é criminalizar a atividade do advogado". Para o ministro, uma coisa é uma pessoa defender quem cometeu um crime ou um delito, outra coisa é ser advogado de uma organização criminosa. Jungmann comentou também que algumas dessas grandes quadrilhas começam a recrutar advogados ainda nos bancos de escola.

"Por isso pedi auxilio à OAB e espero contar com sugestões", observou Jungmann ao citar a conversa que já manteve com o presidente da entidade. No ano passado, o ministro já havia defendido essa proposta e foi duramente atacado. "O que não é aceitável é que presídios e penitenciárias seja home office do crime. Precisamos cortar estar relação", disse ele.

O ministro da Segurança Pública salientou que esta discussão tem de ser feita e todos têm de definir de que lado querem ficar, se do lado do crime ou de combate ao crime. "A população está encarcerada em casa, com medo. Precisamos escolher o nosso lado", desabafou ele, acrescentando que "temos de enfrentar esse problema", justificando que "a espiral da violência pode nos levar à barbárie".

Jungmann anunciou ainda que o governo quer mudar o sistema de construção de presídios que hoje segue um trâmite burocrático que demora cinco anos, o que considera "inaceitável". Os novos presídios, citou, já seriam construídos com essa tecnologia de impedir contatos diretos com familiares e advogados, sem o devido monitoramento. Para isso, defendeu que o projeto de construção das novas penitenciárias seja incluído no PPI - programa de parcerias de investimentos para apressar a sua execução. Avisou também que esses novos presídios construídos nos estados terão parlatórios com requisitos tecnológicos. Jungmann disse ainda que o BNDES disponibilizou R$ 20 milhões para ajudar com censo penitenciário no País.

Redação com Hoje em Dia