21/03/2017 O
ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral, encerrou formalmente
hoje a fase de coleta de provas na ação sobre a cassação da chapa Dilma
Rousseff—Michel Temer. Relator do caso, Benjamin deu prazo de dois dias, a
contar da notificação, para que Temer e os outros atores do processo apresentem
suas “alegações finais”. Depois
que receber estas derradeiras peças, Benjamin estará liberado para preparar o
seu voto. O ministro tem a intenção de levar o caso a julgamento antes do final
de abril. Isso não significa que o processo está próximo de um desfecho. É
necessário que o presidente do TSE, Gilmar Mendes, inclua a encrenca na pauta.
Depois, qualquer ministro pode pedir vista do processo, retardando o
julgamento. No
Palácio do Planalto, dá-se de barato que Benjamin votará a favor da cassação da
chapa, refugando a tese segundo a qual a contabilidade da campanha de Temer
seria separada da de Dilma. Depoimentos de delatores da Odebrecht mostraram que
a alegação das contas apartadas não fica em pé. O governo age nos bastidores
para protelar o julgamento.
Parte
dos ministros do TSE avalia a hipótese de poupar Temer da cassação. Para salvar
o presidente, arriscam-se a matar o
tribunal. Excetuando-se o relator, não parece haver muita gente interessada em
encerrar o julgamento. O caso tornou-se kafkiano. Será
divertido observar os argumentos que o PSDB irá esgrimir nas suas ''alegações
finais''. Autor da ação que acusa a chapa vitoriosa na disputa presidencial de
2014 de abuso do poder econômico, o partido de Aécio Neves é, hoje, um feliz
apoiador do governo Temer.
Fonte:
Josias de Souza |