29/10/2018

Bolsonaro começa a montar o seu governo Bolsonaro começa a montar o seu governo




Jair Bolsonaro inicia nesta segunda-feira suas atividades como presidente eleito, com projetos de ruptura com tudo o que tem a marca da esquerda no campo da economia, de políticas sociais e alinhamentos diplomáticos do Brasil.

“Não podemos continuar flertando com o socialismo, o comunismo, o populismo e o extremismo de esquerda”, afirmou Bolsonaro, do PSL, um admirador do regime militar (1964-1985), depois de ser eleito no domingo com 55% dos votos, contra 45% de Fernando Haddad, candidato do PT.

O ultraliberal Paulo Guedes, a quem Bolsonaro prometeu o ministério da Fazenda, anunciou de modo imediato a intenção de “mudar o modelo econômico social-democrata” com um programa acelerado de privatizações e de controle dos gastos públicos, como receita para reativar uma país que passou por dois anos de recessão e outros dois de crescimento frágil.

Para isso, acrescentou, “precisamos de uma reforma da Previdência”.

Os anúncios devem ser bem recebidos na abertura dos mercados nesta segunda-feira.

O presidente Michel Temer, que desde que sucedeu em 2016 a presidente afastada Dilma Rousseff aplica um plano de severos ajustes, expressou o desejo de planejar a transição antes da cerimônia de posse de 1º de janeiro “para dar continuidade ao que fizemos”.

Bolsonaro, 63 anos, ainda carrega uma bolsa de colostomia em consequência da facada que sofreu no abdômen em setembro. Sua viagem à Brasília pode demorar mais um pouco.

Mas sua casa na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, deve se transformar de comando de campanha a centro de operações da transição.

No plano internacional, Bolsonaro expressou o desejo de um alinhamento com o presidente americano Donald Trump, que ligou para felicitar o presidente eleito do Brasil.

Em termos regionais, a aproximação pode acentuar a pressão sobre o governo da Venezuela, país que sofre uma crise econômica e social.

– Inquietante agenda social –

Bolsonaro chega ao poder com propostas para blindar judicialmente as operações policiais e flexibilizar o porte de armas para combater a criminalidade, em um país que registrou no ano passado quase 64.000 homicídios.

Seguindo os passos de Trump, Bolsonaro e seus simpatizantes transformaram determinados órgãos de  imprensa  em alvos.

Também anunciou a intenção de acabar com o “ativismo ecologista ‘xiita'”.

E chegou a afirmar que desejaria aumentar de 11 para 21 o número de juízes no STF, o que lhe daria a possibilidade de nomear magistrados favoráveis a seus planos.

As ideias provocaram receio entre as organizações de defesa dos direitos humanos.

Resta saber se o PT, derrotado pela primeira vez nas últimas cinco eleições presidenciais, é capaz de fazer a autocrítica solicitada por militantes e aliados.

A crise na esquerda não significa que Bolsonaro terá vida fácil, sobretudo pela necessidade de lidar com um Congresso com quase 30 partidos, dominado por lobbies conservadores mas não obrigatoriamente disciplinados na hora de votar os projetos.

Redação com Agências