31/10/2018

Linha dura. Governador eleito defende matar bandidos que tocam terror no Rio Linha dura. Governador eleito defende matar bandidos que tocam terror no Rio




Figura pouco conhecida no Rio de Janeiro até o primeiro turno das eleições, o governador eleito Wilson Witzel (PSC) chegou lá surfando uma onda bolsonarista, associando-se à figura e às ideias do capitão reformado e, agora, presidente eleito. Azarão, só começou a aparecer de forma relevante nas pesquisas de intenção de votos no dia anterior ao primeiro turno.

Sua campanha foi marcada por declarações radicais, a exemplo da ameaça de dar voz de prisão ao seu oponente, Eduardo Paes (DEM), em caso de injúria durante debates e ao afirmar repetidas vezes que pretende permitir que policiais "abatam" pessoas que estejam portando fuzis.

Também teve grande repercussão o fato de que, num comício dele, deputados do PSL quebraram uma placa com o nome da vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL). Witzel estava no palanque no momento do ato.

Em seu programa de governo, ele propõe políticas controvertidas na segurança pública – a área é uma das preocupações mais urgentes da população fluminense. Ex-juiz federal, licenciou-se do cargo para concorrer ao governo. Witzel tem 50 anos de idade, é católico e casado. Ele declarou à Justiça Eleitoral ter apenas um bem, um imóvel, no valor de R$400 mil. Foi fuzileiro naval, defensor público e hoje é sócio de um escritório de advocacia.

Witzel também foi alvo de polêmica com um filho transexual, que o acusou, numa entrevista ao jornal O Globo, de tê-lo usado para se promover.

Violência urbana

A principal proposta de Witzel para a segurança pública é extinguir a Secretaria de Segurança, que ele considera "burocrática", e fazer da Polícia Militar e da Polícia Civil secretarias independentes, subordinadas a um gabinete de segurança do qual fariam parte os chefes da PM, da PC e ele próprio.

Witzel adota discurso agressivo sobre a área de segurança. Seu tom foi endurecendo à medida que tentava se associar à figura de Bolsonaro. Em entrevista à Folha de S.Paulo, feita em junho, o então candidato ao governo do Rio chegou a dizer ser contra a "política de confrontos" da Polícia Militar com traficantes.

Depois, passou a dizer que policiais terão autorização para "abater" uma pessoa que estiver portando fuzil, mesmo que a situação não seja de combate. Para isso, diz basear-se no Artigo 25º do Código Penal: "Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem".

Em encontro fechado com membros das forças de segurança, Witzel prometeu, se necessário, "cavar covas" e fazer navios-presídio para criminosos. Entre outros projetos, o governador eleito sugere que sejam feitas intervenções nas favelas para facilitar a entrada da polícia e armar a Guarda Municipal nos municípios que assim desejem.

Ele é também a favor do armamento da população, concorda com uso de helicópteros para atirar em favelas durante operações policiais e mostra-se favorável a parcerias público-privadas para a gestão de presídios.

Redação com Agências