19/02/2019

Série conta a verdadeira história da mulher que castrou o marido Série conta a verdadeira história da mulher que castrou o marido





Lorena Gallo, nascida no Equador,católica fervorosa, conheceu John Bobbitt em 1988. Era então uma jovem de 18 anos, virgem, e ele era um ex-fuzileiro naval norte americano de 21 anos, de corpo atlético e olhos azuis. Após 10 meses de namoro, estavam tomando banho em uma piscina quando Bobbitt mergulhou e pegou um anel de noivado do fundo. Lorena aceitou a proposta daquele que tinha sido seu único namorado.

Um mês depois do casamento, realizado em junho de 1989, John dirigia bêbado o carro com Lorena como acompanhante; ela pediu que parasse e ele respondeu batendo nela. Foi o primeiro de muitos incidentes.

Seguiram-se quatro anos e meio de maus-tratos e violações, até que na noite de 23 de junho de 1993, exausta e possuída pela raiva, Lorena se armou com uma faca de cozinha e castrou o marido enquanto dormia.

Esse ato a tornou famosa. A história, não: a imprensa ficou com a ponta do iceberg e a notícia foi dada como uma piada com manchetes vulgares e trocadilhos.

Um quarto de século depois desse fenômeno midiático, a Amazon lança uma série documental intitulada Lorena, que conta o que aconteceu antes, durante e depois do fato.

São quatro capítulos de uma hora, disponíveis na plataforma e produzidos pelo vencedor do Oscar, Jordan Peele (Corra!). 

John Bobbit se tornou uma celebridade. A cirurgia que lhe permitiu continuar com sua vida sexual também significou sua entrada na indústria pornográfica. Foi uma estrela, mas das fugazes. Tentou de tudo para não desaparecer de cena: de fazer casamentos em Las Vegas até administrar um bordel.

O documentário de Peele narra o número de vezes que foi preso, acabando na prisão duas vezes por ter agredido mulheres. Uma das vítimas dá um pungente testemunho na série. John não reconhece culpa alguma e, com o olhar fixo na câmera, argumenta que o acusam de tirar proveito de sua “fama”.

Lorena, que se casou novamente e tem uma filha, fundou a Lorena’s Red Wagon, dedicada a ajudar sobreviventes da violência doméstica.

Redação com El País