26/02/2019

Crise na Venezuela: quais os riscos para o Brasil de uma ação militar no país vizinho? Crise na Venezuela: quais os riscos para o Brasil de uma ação militar no país vizinho?





Enquanto EUA não descartam ação militar na Venezuela, governo brasileiro diz que não cogita usar a força contra governo de Nicolás Maduro; o que explica posição de cautela do Brasil? 

Enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirma que não descarta a possibilidade de intervenção militar na Venezuela, o governo brasileiro tem repetido que não cogita usar a força contra o governo de Nicolás Maduro. 

Em reunião ontem do Grupo de Lima, formado por países da América Latina para tentar resolver o conflito da Venezuela, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, reforçou a ameaça de ação militar de Trump. "O presidente deixou claro: todas as opções estão sobre a mesa".

"O Brasil acredita firmemente que é possível devolver a Venezuela ao convívio democrático das Américas sem qualquer medida extrema que nos confunda com aquelas nações que serão julgadas pela história como agressoras, invasoras e violadoras das soberanias nacionais", disse o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão.

O que explica essa postura de cautela do Brasil? 

Especialistas em relações internacionais e integrantes do Exército ouvidos pela BBC News Brasil dizem que pesa na decisão o temor de que uma ação militar liderada pelos Estados Unidos abra precedente para outras intervenções na região por potências estrangeiras. 

O fato de a fronteira do Brasil com a Venezuela ser em área da Floresta Amazônica acende um alerta adicional, sobretudo entre os militares. 

Também conta na decisão do governo a tradição diplomática brasileira de não intervir em outros países, sobretudo sem o aval do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

O QUE PODERIA DETONAR UM CONFLITO ARMADO? 

A preocupação imediata é que uma escalada da tensão na fronteira do Brasil com a Venezuela possa gerar reações violentas por parte dos Exércitos dos dois países. 

Para impedir que alimentos e medicamentos doados por Estados Unidos e outras nações entrassem no território, Maduro enviou tropas às fronteiras com Colômbia e Brasil. Ele argumenta que a ajuda humanitária é parte de uma estratégia do governo americano para tirá-lo do poder.

Redação com BBC Brasil