05/04/2019 "As crianças vêm pra mim e dizem para os pais que querem ser iguais a Wilson Witzel", diz uma versão lúdica do governador do Rio de Janeiro a auxiliares, no lobby de um hotel de luxo em Boston (EUA), onde fará palestra sobre segurança pública nesta sexta-feira. Na véspera de encarar uma plateia que só o conhece por frases como "A polícia vai fazer o correto: vai mirar na cabecinha e… fogo!" e 'Nós precisamos ter o nosso Guantánamo', Wilson Witzel (PSC-RJ) recebeu a BBC News Brasil em tom quase irreconhecível. Conhecido por subir a um palanque ao lado de uma placa quebrada com o nome da vereadora e defensora de direitos humanos Marielle Franco, executada meses antes, Witzel diz querer distância de "violações de direitos humanos". Mas a mudança não fica apenas no plano do discurso. O governador não hesita em afirmar que pretende saltar do palácio da Guanabara para o Palácio do Planalto. "Estou preparado para governar o Rio de Janeiro e estou preparado para governar o nosso país", diz, sem modéstia, o ex-juiz federal, estreante na política. Em uma hora de conversa, ele também surpreende ao dizer que cabe aos professores definir como o golpe de 1964 deve ser ensinado nas escolas (enquanto o governo Bolsonaro avalia mudar livros didáticos para que se ensine que não houve golpe, mas uma "contrarrevolução para evitar a ascensão comunista"). "De ambas as partes ideológicas envolvidas houve violência", diz. "Cabe aos professores e ao conselho de educação escolher os livros que entenderem adequados para contar com fidedignidade a história a ser contada aos alunos", disse o governador. Redação com BBC Brasil |