17/02/2020 Globo tentava a reaproximação com o Flamengo para a transmissão do Carioca. Ataque de Faustão pôs tudo a perder. Fausto Silva começou sua carreira como repórter na rádio Centenária, de Araras. Tinha 14 anos quando empunhou um microfone nas mãos. E desde o início percebeu seu poder de improviso. Foi assim que ganhou espaço na grande mídia, como repórter esportivo do conservador jornal Estado de São Paulo. A ponto de despertar o interesse de Osmar Santos. O narrador não só o levou para a Rádio Globo. Ofereceu para ele um programa, o Balancê, que misturava futebol com música popular. Fausto, uma espécie de Chacrinha revivido, comandava a anarquia. Deu tão certo que logo foi para a TV. Na Gazeta, o programa foi rebatizado, como Perdidos na Noite. Em 1986, a atração foi para a Bandeirantes. Com a morte de Chacrinha, a Globo apostou no apresentador Gugu Libertado. Ele assinou com a emissora, mas recuou diante da insistência de Silvio Santos para que seguisse no SBT. Foi quando o espaço nobre do domingo caiu no colo de Fausto Silva. Desde março de 1989, ele faz praticamente quase tudo o que deseja. São 31 anos de autonomia controlada. Como grande parte do seu programa é ao vivo, ele aproveita para improvisar. Virou sua marca registrada, desde garoto, falar sobre o que o anima, entusiasma, mas principalmente, sobre o que o incomoda. Foi o que fez no domingo passado, em relação a um ano da morte dos dez meninos na concentração do Flamengo. Do fato que o clube ainda não ter resolvido as indenizações aos familiares dos jovens jogadores mortos. Se soltou ainda mais pelo fato de duas componentes do Esporte da Globo estarem no seu programa, Barbara Coelho e Carol Barcellos. Fugiu do roteiro e desancou a direção do clube mais popular do país. Seu ataque foi firme. "É inadmissível, indecente o comportamento dos diretores do Flamengo no caso do incêndio. O problema não é dinheiro, até porque dinheiro algum vai trazer as vidas de volta". "O problema é principalmente caráter, ter a sensibilidade, um tanto de humanismo. "Como é que esses dirigentes conseguem chegar em casa e olhar os filhos e olhar os netos, sem nenhum respeito a quem perdeu as crianças? É revoltante em todos os aspectos. A direção do Flamengo que está em pé de guerra com a Globo, por conta de aceitar o dinheiro oferecido para a transmissão dos jogos do clube no Carioca, acordo que não foi fechado, se manifestou. Além de reclamar publicamente, a diretoria jurídica do clube exigiu direito de resposta no Progama do Faustão. Com a ameaça de processo, se não conseguisse. A cúpula da Globo percebeu o tamanho do problema. E cedeu. Fausto foi notificado que teria de abrir espaço para a resposta do Flamengo. Mais: e que não deveria voltar ao assunto, depois da divulgação da nota oficial. O apresentador cedeu, e explicou que a decisão era da TV Globo, que cedeu aos advogados do Flamengo. O tom da resposta foi duro e atacou de forma direta Fausto Silva. Só o Galvão tem a palavra oficial do esporte na Globo Redação com Cosme Rimoli R-7 |