16/04/2020 O coronavírus tirou da dona de casa Germaine Ribeiro dos Santos, de 43 anos, o direito de se despedir de quem mais gostava, por duas vezes seguidas, num período de apenas 12 dias. Moradora de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ela e a filha, a estudante Kamilly Ribeiro, de 17, apresentaram sintomas da doença e foram internadas no último dia 22 de março, numa unidade de saúde do distrito de Xerém. Dois dias depois, ambas foram encaminhada para o isolamento no Hospital Moacyr do Carmo, no mesmo município. No dia 2 de abril, Edmar Santos Ribeiro, de 71 anos, pai da dona de casa, morreu no Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI), por conta de um acidente vascular cerebral. No último dia 14, foi a vez de Kamilly não resistir, e de se transformar na mais jovem vítima fatal da Covid-19 no estado. Germaine, no entanto, não assistiu a nenhum dos enterros. Ela venceu a doença, mas após ter tido alta do hospital, se submeteu a uma quarentena por recomendação médica. Isolada em um quarto na sua casa, não pode sair de casa para acompanhar os dois sepultamentos. Emocionada, ela lembra, com a voz embargada, dos sonhos interrompidos da filha. Religiosa e estudiosa, a menina, que cantava numa igreja evangélica, queria cursar medicina, e iria fazer prova do Enem, este ano, para tentar ingressar na universidade. Mãe e filha chegaram a ocupar uma mesma enfermaria no Hospital Moacyr do Carmo. A última vez que viu a filha, Germaine chamou a equipe médica após a jovem passar mal. Segundo a dona de casa, no período em que ficaram juntas, as duas também chegaram a ser medicadas com cloroquina. — Ela ficava em uma cama e eu em outra. Lembro que ela chegou a sentir falta de ar e pediu para trocar de cama comigo. Também fizemos uso de oxigênio. No dia 24, ela passou mal e vomitou. Gritei e chamei os médicos. Então, ela foi levada para outro leito e entubada — disse. Redação com Jornal Extra |