17/04/2020

Guerra total. Bolsonaro e Rodrigo Maia entram em conflito público Guerra total. Bolsonaro e Rodrigo Maia entram em conflito público





Os presidentes da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), entraram em conflito público em entrevistas exclusivas para a CNN.


Bolsonaro foi entrevistado primeiro. Ao ser questionado se existe uma conversa entre os poderes para que haja uma contenção visando a recuperação do valor que está sendo usado para a saúde, o presidente da República respondeu: "O que nós projetamos de economia com a reforma da Previdência praticamente foi engolido em poucos meses”.

Em seguida, partiu para o ataque: “Não vou trair a minha consciência e deixar de falar a verdade. Eu lamento a posição do Rodrigo Maia nessas questões. Lamento muito a posição dele, que resolveu assumir o papel do Executivo com ataques bastante contundentes à nossa posição", disse.

"Ele tem que entender que ele é o chefe do Legislativo, e ele tem que me respeitar como chefe do Executivo”, disse. "O Brasil não merece a atuação dele na Câmara. Péssima sua atuação", acrescentou.

Questionado se haveria falta de diálogo entre os poderes, Bolsonaro respondeu: "Da parte dele. Da minha parte, não. Parece que a intenção é outra do senhor Rodrigo Maia. Ele está conduzindo o Brasil para o caos. Não temos como pagar uma dívida monstruosa que está aí, não há recurso".

Maia responde

Pouco depois da entrevista de Bolsonaro, Maia conversou, pela internet, com o jornalista William Waack. Questionado sobre os ataques, o presidente da Câmara respondeu:

"O presidente ataca com um velho truque da política, para mudar de assunto. Para nós, o assunto continua sendo a saúde", disse.

Maia acrescentou que não responderá a Bolsonaro "no nível que ele quer que eu responda". "O presidente não vai ter de mim ataques. Ele nos joga pedras, o Parlamento vai jogar flores ao governo federal."

Maia ressaltou que o momento pede união em torno de um só objetivo: salvar vidas. "A crise é horizontal, o isolamento é horizontal, não vertical. Não escolhemos quem vamos salvar", disse ele, em referência à estratégia proposta por Bolsonaro, em que só pessoas em grupo de risco adotariam o isolamento social.

"Precisamos ter responsabilidade, sangue frio e pauta", falou. "O presidente passou 27 anos aqui [na Câmara dos Deputados], e espero que tenha aprendido que aqui é a casa do diálogo".

Redação com CNN/Brasil