17/04/2020 Com investimento de mais de R$ 100 milhões em transporte, o Brasil trava uma batalha para trazer ao país insumos médicos comprados na China O Brasil está montando uma verdadeira operação de guerra para garantir que a compra de equipamentos médicos da China chegará ao País para abastecer os hospitais que já sofrem com a sua falta. Não é para menos: máscaras faciais, respiradores e equipamentos de proteção individual (EPIs) são cobiçados por governos de todo o mundo graças à escassez provocada pela alta demanda internacional. Essa crise levou o governo brasileiro a montar uma verdadeira logística sofisticada para garantir que suas encomendas cheguem a com segurança ao País. O Ministério da Saúde comprou 960 toneladas de máscaras da China e o desafio agora é fazê-las chegar aqui. Serão necessários 40 voos para trazer os produtos ao Brasil, para depois distribuí-los entre os municípios brasileiros a um custo estimado em R$ 100 milhões. O Ministério de Infraestrutura, responsável por essa logística, procura parceiros para custear o frete dos EPIs. A empresa Lojas Americanas é um deles e financiará os dois primeiros transportes, de 15 milhões de máscaras. No próximo dia 19, duas aeronaves Boeing 777 da Latam sairão de Guangzhou, na China, farão uma parada técnica em Doha, no Catar, e chegarão até o dia 21 no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. Pirataria na saúde O plano do governo brasileiro é classificar essas operações como “voos de Estado”, ou seja, a aeronave passa a ser praticamente uma embaixada do País em território estrangeiro, sem riscos de interferência de outros países e com prioridade de pouso e decolagem. A estratégia enfrenta um problema: a dependência dos voos civis, uma vez que os aviões da Força Aérea Brasileira não têm capacidade de percorrer distâncias tão longas. “Os países estão vivendo suas escolhas do passado, não se pode criar nada da noite para o dia em uma situação com essa dimensão. Falta investimento em transporte estratégico”, diz Eduardo Marson, que atua há mais de 15 anos no setor de aviação e presidiu o Grupo Airbus no Brasil. Todo esse esquema especial foi justificado pelo risco de que os produtos comprados no exterior fossem desviados. No começo do mês, o Consórcio do Nordeste, representado pelo governo da Bahia, adquiriu 600 respiradores de uma empresa chinesa em um contrato no valor de R$ 42 milhões. A carga ficou retida no aeroporto de Miami, nos EUA, porque o vendedor cancelou unilateralmente o acordo. Outros casos como esse têm sido comuns inclusive em países da União Europeia, em um novo tipo de guerra comercial na qual vence aquele com maior poder econômico. Um verdadeira “pirataria moderna”. Redação com IstoÉ |