11/06/2020

Na crise, alimentação pesa ainda mais para as famílias pobres Na crise, alimentação pesa ainda mais para as famílias pobres





Pesquisa aponta que 50% das famílias das classes D e E, de baixa renda, perderam mais da metade da renda desde o início da crise causada pela pandemia


Mesmo após o segundo mês consecutivo de deflação, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a alta dos preços dos alimentos - de 0,24% em maio, vindo de um aumento de 1,79% em abril - indica que as famílias mais pobres terão a renda ainda mais comprometida pela pandemia.

Quando os alimentos sobem em um momento de alta de salários, esse gasto acaba amortecido pelo ganho de renda. No cenário atual, no entanto, a perda de dinheiro das famílias, sobretudo para as de menor renda, é expressiva e a alta dos custos de alimentação pesam ainda mais.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as famílias mais pobres gastam cerca de 22% do orçamento com alimentação. E uma outra pesquisa, do Instituto Plano CDE, aponta que 50% das famílias das classes D e E, de baixa renda, perderam mais da metade da renda desde o início da crise causada pela pandemia do novo coronavírus."A crise, do ponto de vista de desigualdade de renda, é catastrófica. 

Muitos profissionais, ainda com redução de salário, puderam se adaptar para trabalhar em casa. Para os mais pobres, só restou tentar o auxílio emergencial", diz o economista da Universidade de Brasília (UnB) José Luis Oreiro.Especialista em inflação, o economista da Universidade de São Paulo (USP) Heron do Carmo lembra que há um problema de oferta de alimentos, por conta do clima mais seco e muitos produtos estão sujeitos a choque de preços. "Pesou mais para as famílias mais pobres. 

Como é um gasto básico, não há uma queda abrupta do consumo, mas o consumidor procura, na medida do possível, racionalizar as compras."Pelo IPCA, itens como frutas (-2,10%) tiveram queda de preços, mas houve altas de produtos, como cebola (30,08%), batata-inglesa (16,39%), feijão carioca (8,66%) e carnes (0,05%).

Redação com Agência Estado