16/07/2020 Índia, Estados Unidos, Brasil e África do Sul registram os maiores aumentos de casos de COVID-19 desde o início de julho. Os quatro gigantes econômicos, porém, ainda estão longe de atingir o "pico" da pandemia, segundo especialistas. Estados Unidos Os Estados Unidos, com 328 milhões de habitantes, são o país com maior número de infecções, com mais de 50.000 casos por dia desde o início de julho e com mais de 140.000 mortes, ou seja, 413 por milhão de habitantes, segundo cálculos do AFP com base em dados oficiais. Até o momento, acumula mais de 3,5 milhões de casos e em 40 dos 50 estados o número de infecções está aumentando. A Califórnia, o primeiro estado do país a impor o confinamento em março, decidiu na terça-feira fechar bares, espaços internos de restaurantes, cinemas e zoológicos. Um primeiro pico ocorreu em meados de abril, seguido de um "platô", antes de uma nova aceleração a partir de meados de junho. Portanto, considera-se que os Estados Unidos continuam na primeira onda. O vírus, que entrou pelo noroeste e nordeste, agora avança em direção ao sul e oeste do país. Os estados mais afetados são Texas, Flórida, Arizona e Califórnia. Como na Índia, os especialistas consideram que este país federal tem dificuldades em combater a epidemia devido à resposta heterogênea dos estados. Os confinamentos são aplicados com políticas diferentes e, embora Nova York agora pareça segura, o vírus ganhou força em outros lugares. O presidente Donald Trump "politizou" a ciência, provocando polêmica em torno da máscara, que por muito tempo se recusou a usar, e evocando conspirações em torno da COVID-19. Os estados pouco afetados abrandaram o confinamento, relançando assim a propagação do vírus. Nos estados com mais casos, mais de 5% das pessoas testadas estão infectadas, muito acima dos limiares recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Nesse ritmo, até 40 milhões de pessoas poderiam contrair o coronavírus antes do final do ano. Brasil A maior economia da América Latina (209 milhões de habitantes), liderada por Jair Bolsonaro, chega aos 2 milhões de casos e já tem mais de 75.000 mortes. A taxa de mortalidade é de 354 por milhão de habitantes, mas os especialistas estimam que o número real de casos pode ser até dez vezes maior e o número de mortes, até o dobro. Os estados do norte, territórios de muitos povos indígenas com defesas imunológicas frágeis, estão na linha de frente. E, entre os 26 estados brasileiros,e o Distrito Federal,São Paulo e Rio de Janeiro apresentam o maior número de contaminações. O Rio de Janeiro tem uma taxa de mortalidade particularmente alta (665 por milhão de habitantes). Um aumento de casos é observado nos estados do sul, até então pouco afetados. "Não consigo visualizar um verdadeiro platô", disse à AFP em 10 de julho Domingos Alves, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto(SP). "O número de contaminações continuará aumentando até outubro-novembro, com flutuações", acredita. A demora na tomada de medidas preventivas e a falta de testes foram exacerbadas pela politização da pandemia. Jair Bolsonaro, que contraiu a doença, realizou uma campanha incansável contra os governadores que impuseram medidas de confinamento em nome da sobrevivência da economia. Índia A quinta maior economia do mundo, com 1,3 bilhão de habitantes, poderá em breve superar um milhão de casos de COVID-19. Se o número de mortes continua muito baixo - 17 por milhão de pessoas, em comparação com 663 no Reino Unido -, a pandemia disparou desde o início de julho. O governo de Narendra Modi decidiu na terça-feira determinar um novo confinamento para 125 milhões de habitantes do grande estado de Bihar (norte) e os 13 milhões de habitantes da cidade de Bangalore (sul). Os estados mais afetados são Maharashtra (oeste), onde Mumbai e seus famosos estúdios de Bollywood estão localizados, e Tamil Nadu, ao sul. A capital Nova Délhi concentra mais de 10% dos casos. "O pico da onda, de acordo com minhas previsões, será em meados de agosto. Mas outros cientistas evocam os meses de outubro, novembro ou dezembro", explica o virologista T. Jacob John à Agência France Press. África do Sul A segunda economia africana, depois da Nigéria, e seus quase 58 milhões de habitantes, registra um verdadeiro surto de casos, com mais de 8.000 infecções por dia desde o início de julho, elevando o total para mais de 300.000, de acordo com dados coletados pela AFP de uma fonte oficial. No domingo, o presidente Cyril Ramaphosa destacou "a força e a velocidade da progressão" do vírus, fonte de "grande preocupação". Ele impôs novamente o toque de recolher e suspendeu a venda de álcool. Em meados de julho, as províncias mais afetadas são Gauteng, onde se encontram Joanesburgo, centro econômico e financeiro, e a capital Pretória. Pouco mais de um terço dos casos estão concentrados ali. A província de Cabo Ocidental, muito procurada pelos turistas, responde por 30% dos casos. O Kwazulu Natal, onde foi identificado o paciente zero que chegou em 5 de março da Itália, concentra cerca de 10% das infecções. Redação com AFP |