01/08/2020 PSFs ESTRUTURADOS PARA RECEBER PESSOAS COM SINTOMAS DA COVID-19 O procurador-geral da República, Augusto Aras, bateu boca ontem com procuradores durante uma reunião remota do Conselho Superior do MPF (Ministério Público Federal). O PGR foi criticado por suas recentes declarações sobre a Operação Lava Jato, que, segundo ele, teve um papel relevante, mas “deu lugar a uma hipertrofia” e tem “desvios”. O primeiro a falar foi o subprocurador-geral da República, Nicolao Dino. Ele lia uma manifestação elaborada em conjunto com outros subprocuradores quando foi interrompido por Aras. “Vossa Excelência, com o peso da autoridade do cargo que exerce, e evocando o pretexto corrigir rumos ante a supostos desvios das forças-tarefas, fez graves afirmações em relação ao funcionamento do Ministério Público Federal em debate com advogados”, começou Dino. Aras, então, rebateu, afirmando que a sessão era voltada às discussões sobre o orçamento e que, portanto, “não será um palco político de Vossa Excelência e de ninguém”. Dino disse que o PGR estava cerceando seu direito à manifestação, acrescentando que o regimento interno lhe garantia o uso da palavra no início da sessão. Aras não cedeu, reforçando que o subprocurador poderia voltar a falar sobre o assunto ao final da reunião. “Após a sessão do orçamento, Vossa Excelência terá a palavra e eu irei replicar os pretextos de Vossa Excelência, e o farei com documento de que disponho em mãos para acabar com qualquer dúvida acerca dos fatos”, insistiu o PGR. “Após a sessão, teremos a sessão ordinária, e Vossa Excelência poderá falar à vontade.” Os subprocuradores-gerais Luiza Frischeisen e José Adonis Callou intervieram na discussão, defendendo a leitura do documento por Dino. “Não vejo qualquer impedimento para que o conselheiro manifeste sua opinião sobre temas caros à instituição e que estão na pauta, que foram objeto de manifestações públicas de Vossa Excelência [Aras] em debate com outras instâncias”, argumentou Callou. O bate-boca só terminou quando o subprocurador-geral José Elaeres pediu a palavra, sugerindo que os participantes seguissem com as discussões sobre o orçamento e que, ao final, se manifestassem sobre outros assuntos. Redação com Reuters/UOL |