10/07/2017

Pesquisa aponta que 73 milhões de brasileiros têm dificuldades para dormir. Pesquisa aponta que 73 milhões de brasileiros têm dificuldades para dormir.




Muita gente perde o sono pensando nele. Mas, com insônia ou sem ela, dormir é um ato necessário ao organismo e intimamente ligado às condições emocionais e de estilo de vida. Há quem durma três horas e se sinta satisfeito. Os jovens boêmios acham que é perda de tempo. Os que têm poucas horas querem mais cinco minutos todas as manhãs. E existem aqueles que não dormem. O sono voltou aos holofotes nas últimas semanas com a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a produção e comercialização de um novo medicamento para insônia no Brasil. Dias antes, a Associação Brasileira do Sono fez um alerta: 36,5% dos brasileiros sofrem com o mal.
 
Dorme-se pouco em troca de trabalho, estudo, ascensão financeira e tantos outros motivos. A sociedade parou de valorizar o sono como um componente da qualidade de vida e se priva dele. Muitos de nós, realmente, sofre com insônia crônica — uma doença, que exige tratamento e, em casos extremos, até o uso de remédios. Mas ir para a cama e pregar o olho é um desafio cada vez maior e exige uma mudança de comportamento que pode não vir de caixas vendidas nas farmácias.

Faltam dados que retratem a realidade da capital federal. Para esta reportagem, a Revista fez uma pequena enquete com 15 leitores. Apenas quatro disseram que dormem bem. Sortudos. A maioria, sete entrevistados, reclamou de insônia. Isso representa 46% do total. Os outros quatro contaram que pelo menos uma vez por semana têm dificuldades para dormir. A relação edredon-travesseiro-cama nunca esteve tão combalida. E você, tem dormido bem? Geórgia, Maria Eduarda e Sidneide são personagens que nunca, ou quase nunca, desligam. Nas próximas páginas, leia o drama das madrugadas em claro, as consequências disso e as alternativas para driblar a insônia.

Uma luta noturna

Rita Lee, a rainha do rock brasileiro, expressou em forma de música o quão sofrido é não dormir. A música é inspirada em “minha pessoa”, como conta a artista. Ela canta assim: Insônia, minha namorada/Insônia de madrugada/Rolando na cama, estou tão cansada/Mas ela me chama/Ai, ai, insônia. 

Como na canção, 73 milhões de brasileiros, segundo estimativa da Associação Brasileira do Sono, não conseguem dormir. O número é a soma dos habitantes dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás. Os dois primeiros são os mais populosos do país.

Minervino Junior/CB/D.A Press

Uma das pessoas nessa multidão é Maria Eduarda Bueno, 22 anos. Formada em direito, ela administra a empresa da família e estuda para concurso. Quer seguir a carreira de policial. O combustível para a insônia dela é a ansiedade. “Lidar com a pressão do estudo e da frustração de não passar numa prova é difícil”, conta. A jovem sorridente e descontraída já ficou três noites sem dormir. “Assisti a sete episódios de uma série numa noite” — cada capítulo tem cerca de 45 minutos . E emenda: “Deito uma hora antes da hora que eu quero dormir. Apago as luzes, tento ler. Mas, quando não é dia de dormir, não tem jeito. Quando vejo, são 5h da manhã e tenho que me levantar”, reclama.