25/07/2017

Relator da reforma política,deputado Vicente Cândido também é 'cartola' da CBF Relator da reforma política,deputado Vicente Cândido também é 'cartola' da CBF




Em fevereiro do ano passado, os principais líderes sindicais do PT se reuniram em São Paulo para organizar a defesa política da presidente Dilma Rousseff e denunciar "o golpe" que, segundo eles, estaria sendo tramado por seu vice, Michel Temer. Apesar do clima exaltado, um dos oradores presentes, o deputado federal Vicente Cândido (PT-SP) causou espanto ao pedir a palavra para defender a legalização dos cassinos no Brasil. Após a fala, um silêncio constrangedor tomou conta do ambiente. 

O episódio ilustra bem o perfil do petista escolhido por Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, para assumir relatoria da reforma política. Há alguns dias, Cândido ganhou destaque no noticiário nacional após o Estado revelar que ele incluiu no projeto uma emenda que impediria a prisão de candidatos até oito meses antes das eleições. Ou seja: sob medida para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se articula para disputar o Planalto em 2018. 

"Lula nem sabia (da emenda). Ficou sabendo pelo Estado (jornal O Estado de S. Paulo) Não achei relevante", disse o deputado. Integrante do Campo Majoritário petista, Cândido, porém, é classificado pelos colegas do Congresso como alguém "pragmático" e "bem relacionado" com o campo governista. Em parte, um estranho no ninho petista. "Ele foi escolhido relator devido ao trânsito que tem com os partidos conservadores", disse o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que foi companheiro de Cândido nos tempos que era do PT. 

Cartola


Diretor de Relações Internacionais da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), cargo pelo qual recebe um salário de R$ 35 mil mensais (que se somam aos R$ 33,7 mil do salário de parlamentar), Cândido é também um dos líderes da chamada "bancada da bola".

Até o ano passado o petista era sócio do presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, em um escritório de advocacia. O dado curioso é que a sociedade começou em 2007, quando Cândido se formou em direito.

No mesmo ano ele foi nomeado vice-presidente regional do ABC na Federação Paulista de Futebol, então dirigida por Del Nero. 

Em tempo: depois da graduação, o deputado fez uma pós em direito tributário no Instituto de Direito Público (IDP), onde foi orientando do ministro Gilmar Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Mas porque Del Nero convidaria um recém formado para ser seu sócio? "Fiz estágio antes. Eu já trabalhava com matéria tributária no Parlamento e tinha muita relação criada", afirmou o deputado à reportagem. 

Segundo o petista, a sociedade com Del Nero terminou para que os negócios não fossem prejudicados. O presidente da CBF é investigado pelo FBI (equivalente à Polícia Federal dos Estados Unidos) por suspeita de receber propina em negociações envolvendo direitos de TV. 

Fonte: Redação com CB