08/04/2021 Em jantar com empresários em São Paulo, ontem,4ª feira (7.abr.2021), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que irá respeitar o teto de gastos e a responsabilidade fiscal quando tiver de sancionar o Orçamento desse ano. “Não vou colocar o meu na reta”, afirmou, com o ministro Paulo Guedes (Economia) à mesa. O site Poder 360 conversou reservadamente com 4 empresários que estiveram no encontro. Os gestores disseram achar que Bolsonaro quis dar um recado para fortalecer Guedes. No mesmo dia do encontro, o ministro da Economia foi alvo de ataques do Centrão e houve rumores sobre sua iminente saída do governo. No jantar, estava junto com o presidente. Num dado momento, Flávio Rocha, dono da Riachuelo, falou que Bolsonaro tinha ao seu lado “o melhor general para a economia”, citando Paulo Guedes. Todos os presentes aplaudiram. PANDEMIA E VACINAS Todos os presentes na reunião concordaram que a prioridade neste momento do país é acelerar a aplicação de vacinas. Dizem achar que houve um mal-entendido sobre a lei que permite que empresas privadas comprem o imunizante. Os empresários pediram ajuda do governo para esclarecer como será o processo. Em relação às políticas de isolamento social, coube ao empresário Jose Isaac Peres, dono da rede de shoppings Multiplan, fazer um discurso enfático e alinhado com o que defende Bolsonaro. Peres disse que não tem cabimento falar em lockdown, que cada uma das mais de 5.000 cidades do país tem realidades distintas e que o necessário, na avaliação dele, é o distanciamento social. O presidente criticou governadores e chegou a usar o termo “vagabundos”. O tucano João Doria, governador de São Paulo, foi um de seus alvos durante a reunião. QUEM FOI AO JANTAR Pelo menos um dos convidados não apareceu: Johnny Saad (Grupo Bandeirantes), que mandou avisar que estava com tosse e preferia não ir. Eis os demais que participaram: André Esteves (BTG); Alberto Leite (FS Security); Alberto Saraiva (Habib’s); Candido Pinheiro (Hapvida); Carlos Sanchez (EMS); Claudio Lottenberg (Hospital Albert Einstein); David Safra (Banco Safra); Flavio Rocha (Riachuelo); Luiz Carlos Trabuco (Bradesco); João Camargo (Grupo Alpha de Comunicação); Jose Isaac Peres (Multiplan); José Roberto Maciel (SBT); Paulo Skaf (Fiesp); Ricardo Faria (Granja Faria); Rubens Ometto (Cosan); Rubens Menin (MRV, CNN e Banco Inter); Tutinha Carvalho (Jovem Pan); Washington Cinel (Gocil). O jantar foi na casa de Washington Cinel, dono da empresa de segurança Gocil. A residência fica na Rua Costa Rica, no Jardim América, em frente à casa do ex-deputado Paulo Maluf. COMITIVA DE BOLSONARO Eis o grupo levado pelo presidente: Augusto Heleno (Segurança Institucional); Daniel Freitas (deputado, PSL-SC); Eduardo Bolsonaro (deputado, SP); Fábio Faria (Comunicações); Marcelo Queiroga (Saúde); Roberto Campos Neto (Banco Central); Onyx Lorenzoni (Secretaria Geral); Paulo Guedes (Economia); Ricardo Salles (Meio Ambiente); Ricardo Barros (líder na Câmara) Tarcísio de Freitas (Infraestrutura). COLETIVA NA RUA Depois da reunião, os ministros Fábio Faria (Comunicações), Paulo Guedes (Economia), Marcelo Queiroga (Saúde) e Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) deram uma entrevista coletiva improvisada em frente à casa do anfitrião. O chefe da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que um eventual lockdown nacional “não faz sentido no Brasil porque a própria população não adere a essas práticas”. O ministro defendeu uma união nacional “para conseguirmos a vacina para imunizar a população brasileira”. Indagado sobre a suspensão do envase de imunizantes pelo Butantan por falta de insumos, Queiroga disse esperar que o instituto tenha a capacidade de produção restabelecida. O médico também acenou à iniciativa privada, afirmando que busca alternativas para viabilizar também a participação dos empresários na aquisição de vacinas: “Não para desviar os principais básicos do SUS, mas para se somar a ele e assim fortalecemos a nossa campanha de vacinação”. Paulo Guedes disse que “a síntese do encontro” é baseada nos temas da vacinação em massa e no avanço nas reformas estruturais. Fábio Faria afirmou que todos presentes no jantar estão “satisfeitos” com o governo e afirmou que o Brasil é o 5º país que mais está vacinando. “Atingimos a meta de 1 milhão por dia. Precisamos de união”, disse. Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) afirmou que conversa entre governo e empresários foi em tom amistoso. Questionado sobre a carta assinada por mais de 500 empresários, economistas e banqueiros cobrando ações do governo na pandemia, o ministro afirmou que o documento não entrou na discussão. Disse que o diálogo foi uma “reunião de aliança e compromisso com o futuro” e que o Brasil “está engrenando” na produção de vacinas. Redação com Poder-360 |