10/05/2021 Senadores da CPI da Covid dizem que o natural avanço dos trabalhos deverá levar a uma nova convocação do ministro Marcelo Queiroga (Saúde) que na semana passada prestou um depoimento considerado evasivo e pouco esclarecedor. O desempenho de Queiroga na última quinta-feira (6) irritou integrantes do colegiado. O ministro tentou driblar perguntas sobre o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro na pandemia, recusou-se a dar sua opinião sobre o uso da hidroxicloroquina (medicamento sem eficácia comprovada para o tratamento da Covid) e evitou avaliar as condições do ministério e as ações de enfrentamento à pandemia no momento em que assumiu o cargo. Conforme a Folha de S. Paulo mostrou, o senador Humberto Costa (PT-PE), titular da comissão, vai apresentar à CPI requerimento para reconvocar Queiroga por causa de uma portaria assinada pelo ministro sobre fiscalização e cobrança de valores transferidos pelo Ministério da Saúde a estados e municípios. Para o senador, mais cedo ou mais tarde o ministro vai ser chamado, “até porque a CPI não vai trabalhar somente fazendo uma avaliação pretérita.” “Nós estamos em plena pandemia, a perspectiva não é de fim da pandemia num prazo curto, e, portanto, a gente tem que continuar em cima do governo”, complementa. O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), confirma a possibilidade de chamar o ministro novamente. “O Queiroga é que está no ministério hoje, então é natural que a CPI queira saber porque ele falou números diferentes sobre entrega de vacinas, por exemplo. Vamos conversar essa semana com a Pfizer para saber como andam as negociações.” CONVOCADOS NA CPI DA COVID Antonio Barra Torres, da Anvisa (terça-feira, 11.05) Fabio Wajngarten (quarta-feira, 12.05) Ernesto Araújo (quinta-feira, 13.05) Presidente da Pfizer no Brasil (quinta-feira, 13.05) General Eduardo Pazuello (quarta-feira, 19.05) Vice-presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) qualificou o depoimento de Queiroga como “péssimo”. “Se o avançar das investigações requisitar um novo depoimento no ministro da Saúde, nós o faremos.” Randolfe acrescenta que “não se pode convocar por convocar”. “Se convoca em decorrência para onde os fatos apontam. Vamos aguardar e observar a necessidade que a investigação requer”, afirma. A defesa de que Queiroga seja novamente ouvido a depender dos rumos da CPI também é feita pelo senador Otto Alencar (PSD-BA). Segundo ele, no depoimento dos ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich ficou clara a imposição da vontade de Bolsonaro no protocolo do Ministério da Saúde. O senador avalia que Bolsonaro ainda não tomou decisões para “encampar aquilo que é necessário que o governo faça agora, que é a compra de vacinas.” Um dos aliados de Bolsonaro na comissão, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) diz não ver necessidade de novo depoimento do ministro. “Eu acho que é a mesma coisa de nós estarmos no meio do 11 de Setembro convocando paramédicos e bombeiros para prestar depoimento, em vez de as pessoas estarem socorrendo os feridos lá. É como eu acho isso se convocarmos novamente o ministro. Uma falta de sentido e uma falta de bom senso.” Em videoconferência realizada no sábado, o relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), destacou que, em seu depoimento, o ministro Queiroga “visivelmente defendeu uma estratégia para não responder as perguntas objetivamente, e consequentemente não falar a verdade.” Redação com Folhapress |