13/05/2021 Diretamente afetado pelo isolamento social, o turismo brasileiro já acumula prejuízo de R$ 341,1 bilhões na pandemia. A estimativa, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), considera o período de março de 2020 a abril de 2021 e é feita a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e de fluxos de passageiros e aeronaves nos 16 principais aeroportos do país. O setor de turismo se encontra 44% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, antes do início da pandemia no país, quadro pior que outros setores da economia, como serviços em geral (-2,8%), varejo (-0,3%) e indústria (0%). “De longe o turismo é o setor mais afetado pela pandemia. Ele envolve naturalmente aglomerações, como aeroportos, rodoviárias, hotéis, bares, restaurantes… A situação é muito pior que os serviços como um todo, o comércio ou a indústria”, afirma o economista sênior da CNC Fabio Bentes. Mais da metade do prejuízo de R$ 341,1 bilhões (52,6%) está concentrado em São Paulo (R$ 137,7 bilhões) e no Rio de Janeiro (R$ 41,7 bilhões). Pelas contas da CNC, os serviços turísticos operavam, em março de 2021, com 61,4% do potencial mensal de geração de receitas, nível inferior ao de dezembro (63,8%). O número está acima da primeira onda da pandemia – 29,8% em abril e 32% em maio de 2020 -, mas distante do que é o potencial do setor. A expectativa da CNC é de melhora da atividade turística nos próximos meses, com a flexibilização mais recente e o avanço da vacinação, ainda que lento e com interrupção em diversas regiões do país. O cenário, no entanto, é de uma recuperação total muito distante, apenas no fim de 2022. “O setor de turismo ainda está muito distante da geração plena de receita frente ao período pré-pandemia e acredito que essa recuperação só vai ocorrer no fim de 2022. A situação ainda é muito preocupante para o turismo”, diz. Parte da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE, o índice de atividades turísticas caiu 36,6% em 2020. A projeção da CNC é de alta de 18,2% em 2021, ou seja, apesar de ganho expressivo, não compensa a perda do ano passado. O indicador avançou entre maio de 2020 e fevereiro de 2021, com expansão acumulada de 127,2%. Só que em março caiu 22%, frente fevereiro, com o aumento das restrições por causa da segunda onda da pandemia. Foi o pior desempenho desde abril de 2020 (-54,5%). Para recuperar o patamar pré-pandemia, é necessária alta de 78,7%. Gerente da PMS, Rodrigo Lobo destaca que o comportamento do índice de atividades turísticas é um exemplo do impacto da piora da pandemia nos serviços de caráter presencial em março. “O índice é um bom termômetro de como anda a parte de serviços de caráter presencial. Há quedas importantes vindas de restaurantes, de hotéis, de transporte aéreo, de transporte rodoviário coletivo, de serviço de buffet”, diz. Redação com jornal Valor |