22/05/2021 Relatórios da Polícia Federal (PF) apontam suspeitas de operações financeiras feitas pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, a partir de um escritório de advocacia que ele tem em sociedade com a mãe. De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, as operações foram feitas durante o período em que Salles exerce cargo no primeiro escalão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Os documentos que apontam as suspeitas fazem parte da Operação Akuanduba, deflagrada na última quarta-feira (19/5), após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Os relatórios foram elaborados com informações do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e, segundo a PF, apontam um “conteúdo bastante interessante”. “Operações suspeitas foram realizadas nos últimos dois anos, por intermédio do escritório de advocacia em que o ministro Ricardo Salles é sócio com sua genitora”, diz trecho do documento. “Obviamente a obtenção dos respectivos anexos e dados mais completos dependerá da autorização judicial emitida por esse STF, mas cremos que a confirmação da simples existência de operações suspeitas a cargo do ministro Salles, no mesmo período dos fatos em apuração, com os demais elementos, permitem que sejam apreciados os pedidos”, prossegue a PF. Ao jornal Folha de S. Paulo, Salles afirmou, em nota, que “não há como se defender de algo que não conhece”. Quebra de sigilo Em 2020, a Justiça de São Paulo determinou a quebra de sigilo bancário do escritório ligado ao ministro. De acordo com o Ministério Público, ele teria movimentado cerca de R$ 2,8 milhões da conta de seu escritório para sua conta pessoal entre 2012 e 2017. Segundo as investigações, há “discrepância” entre a movimentação financeira do ministro e declarações de Imposta de Renda à Receita Federal. Operação Akuanduba A Operação Akuanduba investiga crimes contra a administração pública, como corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e, especialmente, facilitação de contrabando, praticados por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro. Após o início da operação, Salles foi à Superintendência da PF, em Brasília, por conta própria. Pelo menos 160 policiais federais cumprem 35 mandados de busca e apreensão no DF e nos estados de São Paulo e do Pará. Entre os endereços que foram visitados pela PF, estão a sede do Ibama, o Ministério do Meio Ambiente e o apartamento de Salles, em São Paulo. O que diz Salles Horas após a operação ser deflagrada, o ministro do Meio Ambiente afirmou, na quarta, que foi surpreendido pela PF e definiu a ação como “exagerada e desnecessária”. Salles afirmou ainda que o Ministério do Meio Ambiente atua sempre com “bom senso, respeito às leis e respeito ao devido processo legal” desde o início do governo. Ele também afirmou acreditar que, da forma como foi instruído, o inquérito levou o ministro Alexandre de Moraes “ao erro”. “Essas ações jamais aconteceram. O ministério e o Ibama sempre procuraram agir de acordo com as regras, com bom senso e com equilíbrio, isso ficará demonstrado nos autos do inquérito conforme eles forem instruídos”, prosseguiu. Redação com Metrópoles |